quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Mais uma sobre Caetano


Olá, eu demoro a dar às caras, mas venho.
Em uma das viagens curtas que fazemos, ouvindo musica, Tati perguntou: Desculpe a minha ignorância, mas quem é Gita Gogoya? Eu, curiosa do mundo da música, surpreendi-me por não ter atentado para essa “personagem” contida numa musica interpretada por uma das minhas Divas da MPB, respondi, não sei, deve ser alguém ligada às artes.
Aquilo ficou martelando e, intrigada com a dúvida lá fui à busca de informações.
Música - Reconvexo, composta por Caetano Veloso e dada a Maria Bethânia para grava-la. Interpretação impecável, som capaz de mexer com o mais pacato dos corpos.
Aqui mesmo, nesse espaço, em 2007, escrevi sobre outra intrigante letra desse baiano que acompanhou a minha vida com varias letras e canções.
Nas conversas, nos círculos onde se discute musica é comum observar que entender Caetano é tarefa difícil. Talvez por isso haja os que amam e os que odeiam. A verdade é que as palavras e os seus sentidos nos levem a pensar mais.
Será que a exemplo de Cajuina ele sabia o real significado de Gita gogoya no conjunto da sua obra?
Na minha pesquisa descobri a Folha Harmônica, nela, na postagem do dia 18/02/2011, Brunner Macedo trás a possível intenção de associa-lo ao conceito de profanação, ou talvez a simples exuberância de mais uma canção.
Filio-me à sua pesquisa e trago aqui a explicação dada em seu espaço para que, se possa entender um pouco mais a inspiração de Caetano.
Transcrevo ipsis litteris:
Trata-se da junção de Gita, da música “Gita” de Raul Seixas, e Gogóia da música “Fruta Gogóia” do antológico álbum de Gal Costa “Fa-Tal: Gal A Todo Vapor”.
Esta pesquisa não poderia parar por aí. O que significa Gita? O que significa Gogóia? O que significa os dois nomes juntos?
Muitos afirmam que a música “Gita” é satânica. Mas seu real significado aparentemente nada tem a ver com Satanás. Para começar, já ouviu falar do Mahabarata? O Mahabarata é o livro sagrado mais importante do hinduísmo e sua autoria é atribuída a Krishna, forma materializada do divino. O Mahabarata é considerado um manual de psicologia evolutiva do ser humano e, com seus 90 mil versos, é a obra com o maior volume de textos da humanidade. Inserido no Mahabarata está o “Bhagavad Gita” (“A Canção do Senhor”), o texto sagrado mais popular do hinduísmo. No “Bhagavad Gita”, Krishna, expõe os pontos mais importantes do hinduísmo, como no trecho: “Aquele cujo coração não se atém às impressões exteriores encontra em si mesmo a felicidade; em união mística com Brahma através da Yoga, desfruta perpétua bem-aventurança.”

Além de realizar síntese filosófica do hinduísmo, Krishna discorre sobre sua universilidade e plenitude. Em um dado momento cita: “Entre as estrelas sou a lua… entre os animais selvagens sou o leão… dos peixes eu sou o tubarão…. de todas as criações eu sou o início e também o fim e também o meio… das letras eu sou a letra A… eu sou a morte que tudo devora e o gerador de todas as coisas ainda por existir… sou o jogo de azar dos enganadores…”. Neste trecho fica evidente a inspiração de Raul Seixas e Paulo Coelho para comporem sua Gita. Gita é, portanto, um hino, um canto que, elevado à significância hindu, é um canto sagrado.
Vamos agora à Gogóia. Gal Costa abre seu ótimo show/álbum de 1971, “Fa-Tal: Gal A Todo Vapor”, com a frase “Eu sou uma fruta gogóia, Eu sou uma moça”. Os dicionários de português dizem que “gogóia” é o nome de uma espécie de melancia de praia, mas esse provavelmente não é o que o cancioneiro popular quer traduzir. Pela observância das autoafirmações da letra desta canção do folclore baiano, é possível arriscar um significado para “gogóia” como algo exuberante, levado, em personificação humana, para um caráter sexual, talvez.
Antes de partir para as conclusões, note a semelhança das construções de “Gita”, “Fruta Gogóia” e “Reconvexo’, perceba a abundancia da afirmação “eu sou”.GITA: “(…) Eu sou a luz das estrelas/ Eu sou a cor do luar/ Eu sou as coisas da vida/ Eu sou o medo de amar/ Eu sou o medo do fraco/ A força da imaginação/ O blefe do jogador/ Eu sou!… Eu fui!… Eu vou!…/ Gita! Gita! Gita! Gita! Gita!/Eu sou o seu sacrifício/ A placa de contra-mão/ O sangue no olhar do vampiro/ E as juras da maldição/ Eu sou a vela que acende/ Eu sou a luz que se apaga/ Eu sou a beira do abismo/ Eu sou o tudo e o nada (…)”
FRUTA GOGÒIA: “Eu sou uma fruta gogoia/ Eu sou uma moça/ Eu sou calunga de louça/ Eu sou uma jóia/ Eu sou a chuva que molha/ Que refresca bem/ Eu sou o balanço do trem/ Carreira de Tróia/ Eu sou a tirana bóia/ Eu sou o mar/ Samba que eu ensaiar/ Mestre não olha.”
RECONVEXO: (…) Eu sou a chuva que lança a areia do Saara/ Sobre os automóveis de Roma/ Eu sou a sereia que dança/ A destemida Iara/ Água e folha da Amazônia/ Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra (…) Eu sou um preto norte-americano forte / Com um brinco de ouro na orelha/ Eu sou a flor da primeira música/ A mais velha/ A mais nova espada e seu corte/ Sou o cheiro dos livros desesperados/ Sou Gitá Gogóia/ Seu olho me olha mas não me pode alcançar(…)”


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013


O que é interpretação de musica ou poesia? Porque em fases diferentes da vida, geralmente, damos conotações diferentes em momentos diversos, para composições, literárias escritas e/ou musicalizadas? Será empatia com o autor? Será o sentimento, um lugar comum? Será a sintonia entre os que amam, sofrem ou choram?

Essas e outras perguntas fazem parte do meu fascínio pela poesia.

Quando lemos algo que nos desperta qualquer sentimento digno de nota, é natural a busca pela interpretação do seu significado, que às vezes, mescla-se pelo interesse em saber como surgiu ou no que pensava quem o escreveu, em que parte da sua essência esteve mergulhado ou permanece.

Comigo acontece isso com muita frequência. A música me embala a alma, a letra tem o condão de me conduzir ao já vivido ou ao universo singular do poeta.

Agora, movida por esse conjunto de sentimento, emoção e interesse, andei pesquisando nalguns comentários sobre uma musica composta por Nando Reis e “visceralmente, docemente” cantada por Cassia Eller. Muitos foram encontrados, alguns pretenciosos, apostavam no amor do poeta por sua musa, outros buscam o significado etimológico das palavras escritas ou ainda outros que especulam sobre o endereço contido na canção.

Um Pedro comentou: .... é uma relação de amor e amizade dessas q não tem como não se emocionar visto q a cassia eller e o nando eram amigos e ele fazia músicas pra ela cantar então é claro q esta música é uma declaração de amor e amizade a ela..”estranho é gostar tanto do seu all star azul” (se ele gosta tanto do all star azul imagina dela?)”

Outro de uma Patrícia: “... Ele conta que seria estranho se ele a deixasse passar, como foi incrível o que os ligou.

Como se ele tivesse mudado de ideia em relação ao amor, principalmente à primeira vista, e agora o defende, enfatizando que bizarro não é amar, e sim deixar este sentimento mágico se esvair.

Ao vê-la pela primeira vez já soube que a amaria; Ele diz que se isto não tivesse acontecido o sal viria doce para os novos lábios, que no caso seria impossível. Compara-a com grandes descobertas como a do Brasil. E diz que estava mesmo em seu destino, encontra-la.

Seu all star foi o que mais prendeu-lhe a atenção, é estranho gostar tanto disso. E pensar que o bairro dela sente-se feliz por ele ir vê-la e terminar “aquela conversa”. Isso é uma boa desculpa para vê-la todos os dias.

Estranho é eles compartilharem uma intimidade, cumplicidade, um sentimento que é encontrado em relacionamento longos. Nota-se a importância do All Star dele, e como o deixa contente saber que também combinam nisso. Quando ele fala do homem que foi a lua, ele associa que as coisas impossíveis são apenas ilusões até que possamos provar o contrário;

E mais uma vez apaixonado, comenta que a voz dela encaixa-se perfeitamente com as músicas dele. Que o coração dele é o canto dela, que eles se completam não há como negar.

Esse comentário bateu com o que sinto ao ouvir Cássia cantar. Imagino todo o sentimento que ela, Cássia, fez brotar em Nando. É inútil esconder o prazer que vem em ser amada assim. O amor vindo no caminho “certo”, a amizade que amadureceu e aprendeu e ensinou a amar.

É isso ai, fica pra vcs pensarem no amor que tiveram, têm ou terão.